NATAL
“A ARTE RUPESTRE DO PALEOLÍTICO SUPERIOR DO VALE DO CÔA É UMA ILUSTRAÇÃO EXCEPCIONAL DO DESENVOLVIMENTO REPENTINO DO GÉNIO CRIADOR, NA ALVORADA DO DESENVOLVIMENTO CULTURAL HUMANO; (…) DEMONSTRA, DE FORMA EXCEPCIONAL, A VIDA SOCIAL, ECONÓMICA E ESPIRITUAL DO PRIMEIRO ANTEPASSADO DA HUMANIDADE.”
(UNESCO – Report on the 22nd session of the World Heritage Comission, Kyoto, 1988).
Natal, e não Dezembro
Entremos, apressados, friorentos,
Numa gruta, no bojo de um navio,
Numa gruta, no bojo de um navio,
Num presépio, num prédio, num presídio,
No prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
Porque esta noite chama-se Dezembro,
Porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
Duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
A cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
Talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira, Cancioneiro do Natal
Sem comentários:
Enviar um comentário